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Assuntos relativos às áreas das Medicinas Naturais / Medicinas Alternativas / Medicinas Tradicionais / Medicinas não Convencionais.
Um estudo, realizado por equipas de investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, conclui que, apesar de dimensão reduzida, estes plásticos espalham-se na cadeia alimentar, dado que os bivalves que absorvem esses resíduos são depois ingeridos por aves estuarinas e pelos humanos.
Do ponto de vista histórico, o plástico é um fenômeno muito novo. Em 1950, a produção global total do material foi de pouco mais de 2 toneladas. Em 2015, ou seja, apenas 65 anos depois, a produção foi de 448 milhões de toneladas.
Actualmente, utilizamos uma média global de aproximadamente 60 quilos de plástico por ano por pessoa. Nas regiões mais industrializadas – América do Norte, Europa Ocidental e Japão – a média é de mais de 100 quilos per capita.
Foto: sideplayer
O coordenador do trabalho, Pedro Lourenço, biólogo do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, disse à Lusa que os detritos, muito embora "mais fininhos do que um fio de cabelo", são muitos, na ordem das 80 mil fibras por m2 na camada superficial de sedimento da qual foram recolhidas amostras para análise, sendo mais abundantes perto de grandes cidades.
Bivalves como o berbigão e a lambujinha, que vivem no fundo do estuário do Tejo, tinham estas micro-fibras, tal como minhocas, em menor quantidade, e as fezes de aves estuarinas, que comem bivalves, acrescentou o cientista.
Acrílico foi o material sintético mais encontrado, mas também foram detectados poliestireno, também da família dos plásticos, e "celuloses regeneradas", algodão, linho ou cânhamo "alterados quimicamente para se tornarem mais elásticos e resistentes". Todos os materiais entram na composição da roupa.
Os resíduos chegaram ao estuário através de esgotos domésticos, que contêm as águas de lavagens de roupa, ou acumularam-se nos sedimentos fruto de restos de vestuário largados nas margens e que se vão deteriorando lentamente.
Alguns vestígios de 'nylon' das redes de pesca também foram descobertos nas amostras de sedimentos recolhidas nas duas margens do estuário do Tejo.
O estudo detectou igualmente grandes quantidades de micro-plásticos em sedimentos, minhocas e bivalves não comestíveis em duas zonas costeiras da África Ocidental: Banco de Arguim, na Mauritânia, e arquipélago dos Bijagós, na Guiné-Bissau.
Segundo Pedro Lourenço, que se tem debruçado sobre a migração de aves entre Portugal e África, trata-se de zonas que, ao contrário do estuário do Tejo, são "afectadas pela poluição de longe".
Talvez não saiba, mas a sua roupa é uma das grandes fontes do plástico que está a poluir os nossos oceanos. De cada vez que lava tecidos sintéticos, como mantas e casacos polares, roupas desportivas, leggings, etc., há fibras minúsculas de plástico que se libertam para a água da lavagem.
Uma equipa de investigadores da Universidade de Plymouth, no Reino Unido, passou 12 meses a analisar o que acontecia quando se lavavam vários materiais sintéticos a 30˚C e 40˚C em máquinas de lavar domésticas, com diferentes combinações de detergentes. O seu objectivo era quantificar as fibras sintéticas libertadas por estes tecidos.
Os investigadores descobriram que cada ciclo de uma máquina de lavar pode libertar mais de 700 000 fibras microscópicas de plástico para o ambiente. O acrílico foi o material que libertou mais micro-fibras – quase 730 000 – por lavagem, cinco vezes mais do que o tecido de poliéster-algodão (137 951) e quase 1,5 vezes a quantidade libertada pelo poliéster (496 030).
“Tipos diferentes de tecidos podem ter níveis muito diferentes de emissões”, disse Richard Thompson, professor de biologia marinha da Universidade de Plymouth e um dos autores do estudo. “Precisamos de compreender porque é que alguns tipos de [tecido] libertam consideravelmente mais fibras [do que os outros].”
Foto: theuniplanet
Devido ao seu tamanho diminuto, as micro-fibras são praticamente impossíveis de filtrar nas ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais). Parte delas acaba nas lamas de depuração, que são aplicadas nos terrenos agrícolas como fertilizante. Muitas vão parar aos rios, às praias – um estudo de 2011 descobriu que estas fibras sintéticas perfazem 85% dos resíduos resultantes da actividade humana nas costas de todo o mundo – e ao mar, onde são uma ameaça para vários animais marinhos.
Embora ainda não se conheçam todos os efeitos da poluição de micro-plásticos, vários estudos têm sugerido que estes se podem acumular nos aparelhos digestivos dos animais, reduzir a capacidade de alguns organismos absorverem energia dos alimentos e agir como “esponjas”, acumulando químicos, como pesticidas, e envenenando a cadeia alimentar. No caso de organismos tão pequenos como o plâncton, a ingestão de uma única micro-fibra pode ser fatal.
Água e comida cozinhada de S. Paulo contaminadas com micro-plástico!
A água de torneira de cidades ao redor do mundo está contaminada com fibras microscópicas de plástico, de acordo com levantamento inédito da organização Orb Media no qual a Folha participou. De 159 amostras de água potável colectadas em cinco continentes 83% continham plástico.
A Folha colheu 10 amostras adicionais na capital paulista e as enviou para análise na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Minnesota (EUA), que centralizou o trabalho de laboratório da iniciativa global.
Descobriu-se que 9 das 10 garrafas com 500 ml de água extraída de torneiras paulistanas continham fibras. É uma proporção semelhante à encontrada no levantamento realizado fora do Brasil.
A amostra com mais fibras (5) saiu de uma torneira de cozinha na região oeste de São Paulo. Depois vêm as garrafas de água obtida em torneiras de banheiro do parque Ibirapuera (4 fibras) e do Masp (3).
Os fragmentos de plástico já haviam sido encontrados em quase todos os locais pesquisados: nos oceanos, no gelo marinho, em lagos e rios remotos e na atmosfera. Mas, até agora, a água potável, não tinha sido examinada.
De Nova York a Nova Déli, o plástico está jorrando das torneiras. Cientistas dizem que não sabem como essas fibras chegam até os encanamentos domésticos ou quais são os riscos reais para a saúde humana.
Embora brasileiros não costumem beber água de torneira, ela é empregada aqui para cozinhar, o que levaria à ingestão das fibras. Além disso, o aquecimento pode liberar substâncias aderidas à superfície do micro-plástico.
Imagem: Folha de São Paulo (Água da torneira contaminada por plásticos)
Os cientistas já descobriram estas micro-fibras no fundo do mar, a 3000 metros de profundidade, no Ártico e na nossa comida. Um estudo recente descobriu micro-fibras de plástico no sal de mesa de várias marcas – inclusive 3 portuguesas – e um estudo da Universidade de Ghent estimou que os consumidores de peixe e marisco ingerem até 11.000 pequenos pedaços de plástico por ano, dezenas dos quais são absorvidos para a corrente sanguínea.
“Estes plásticos minúsculos são apenas levantamento do véu dos estimados 12 milhões de toneladas de plástico [que] entram no mar todos os anos”, disse Louise Edge, da Greenpeace. “Desde garrafas a embalagens e a micro-plásticos, as empresas precisam de assumir responsabilidade pelo que produzem; os governos precisam de legislar com vista à mudança – e todos nós precisamos de mudar a forma como encaramos o plástico.”
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Fontes:
DW
Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa
Folha de S. Paulo
Lusa
Theuniplanet
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