“A hiperinsulinémica possui papel relevante na fisiopatologia do enfarto do miocárdio , do acidente vascular cerebral e do cancro/câncer” ou “Pão branco: O assassino silencioso”
José de Felippe Junior 
“Quando você prospera na vida deve se preparar para ganhar falsos amigos e verdadeiros inimigos” desconhecido do século XXI.
Quando um país ganha o status da estabilidade económica o povo prospera, aumenta o consumo de supérfluos e muda a sua alimentação e seus hábitos. Começa a ingerir grandes quantidades de alimentos saborosos ricos em açúcar branco e farinhas refinadas, alimentos bonitos de se ver e péssimos de se comer e engordam e fazem menos exercícios. Ganham falsos amigos - alimentos refinados, embutidos e enlatados - e ganham verdadeiros inimigos - obesidade central, doenças degenerativas e sedentarismo.
Nestes países a ingestão de pão branco, pão francês , baguetes e pães de hambúrguer é exagerada e de uma forma inocente acompanha todas as refeições, café da manhã , almoço e jantar, aumentando assustadoramente o índice glicémico e a carga glicémica .
O aumento do índice glicémico e da carga glicémica são os factores causais de várias doenças degenerativas como o enfarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e muitos tipos de câncer.
Hiperinsulinemia e Resistência à Insulina
Cada ano que passa se acrescenta na literatura médica, trabalhos epidemiológicos e prospectivos que relacionam, nos países desenvolvidos e economicamente estáveis, os factores de risco que provocam hiperinsulinemia (sedentarismo, obesidade central, alta ingestão de carboidratos/hidratos de carbono refinados) com o aumento da prevalência das principais doenças degenerativas (enfarto do miocárdio, diabete não dependente de insulina, cancro/câncer colo-retal, adenoma colo-retal, cancro/câncer de mama, cancro/câncer de próstata) sugerindo que a hiperinsulinemia pode ser considerada importante factor promotor destas doenças .
A ingestão de alimentos refinados provoca no período pós prandial, um aumento da glicose no sangue a qual é responsável pela produção exagerada de insulina: hiperinsulinemia. Com o passar do tempo, a persistência da hiperinsulinemia, acarreta a diminuição da sensibilidade dos receptores de membrana à insulina e surge a “resistência à insulina” a qual aumenta ainda mais a glicemia em um verdadeiro ciclo vicioso. O aparecimento de resistência à insulina provoca dificuldade de penetração da glicose do extracelular para dentro das células.
De importância prática é o facto de podermos diagnosticar em clínica esta dificuldade de passagem da glicose do extracelular para o intracelular: dosando a INSULINEMIA .
Já ao olhar para uma pessoa podemos suspeitar fortemente da presença de hiperinsulinemia com resistência à insulina: presença de obesidade central - aumento do volume do abdomen (aumento de gordura intra abdominal).
O normal estatístico da insulinemia está entre 2,5 a 25 microU/ml , porém o normal fisiológico, aquele que empregamos para prevenir doenças é aquele que mais se aproxima do valor inferior: 2,5 a 5 microU/ml.
Insulinemia elevada significa dificuldade de penetração da glicose no compartimento intracelular com o consequente stresse oxidativo metabólico e os trabalhos epidemiológicos realmente mostram que populações com aumento da insulinemia têm maior probabilidade de apresentar as doenças degenerativas relacionadas ao stresse oxidativo: aterosclerose (enfarto do miocárdio e acidente vascular cerebral) e vários tipos de cancro/câncer. Acrescente-se pelos mesmos motivos a hipertensão arterial, os diabetes não dependente de insulina, as artrites, as artroses e as doenças neurodegenerativas (Doença de Parkinson e Doença/Mal de Alzheimer).
Classificação dos Carboidratos/Hidratos de carbono - Índice Glicêmico - Carga de Glicose
Os carboidratos podem ser classificados em “simples” e “complexos”, de acordo com o grau de polimerização ou “integrais” e “refinados” de acordo com a maior ou menor quantidade de nutrientes essenciais que possuem. Entretanto a interferência dos carboidratos na saúde e na doença são melhor entendidos do ponto de vista fisiológico e bioquímico, conhecendo-se a sua capacidade de aumentar a glicose no sangue quando ingeridos: ÍNDICE GLICÉMICO .
O índice glicémico é um parâmetro quantitativo que verifica quanto um determinado alimento é capaz de elevar a glicose no sangue no período pós prandial. Ele é a relação entre dois parâmetros a/b: a- é o nível glicémico provocado pela quantidade fixa de um determinado alimento teste e b- é o nível glicémico provocado pela mesma quantidade de um alimento padrão, glicose ou pão branco, na mesma pessoa.
O índice glicémico é expresso como a percentagem de aumento da glicose no sangue provocado por determinado alimento, em relação a uma porção equivalente de pão branco ou glicose. (Wolever- 1985, 1986, 1991, 1992a , 1992b ,1994). Matematicamente o índice glicêmico é a área abaixo da curva glicêmica para cada alimento expresso como a percentagem da área após a ingestão de uma mesma quantidade de glicose ou pão branco. Outro parâmetro importante que provou sua utilidade em estudos epidemiológicos.
E a “carga de glicose” que reflecte o efeito glicêmico total da dieta. A carga de glicose é o produto do índice glicémico e o carboidrato total da dieta (Wolever - 1996 , Salmeron -1997a ,1997b , Liu - 2000). Indice glicémico de alguns alimentos em relação à glicose. Por definição o índice glicêmico da glicose em relação a ela mesma em percentagem é de 100.


Note o valor altíssimo do índice glicémico da batata.
O índice glicémico depende de vários factores:
1. tipo de açúcar que o alimento contém - glicose, sacarose, frutose, lactose, etc.
2. forma física do carboidrato/hidrato de carbono - tamanho da partícula e grau de hidratação
3. alimentos que acompanham o carboidrato na refeição - gordura e proteínas.
Quanto menor a velocidade de absorção do carboidrato menor é a elevação da glicemia no pós prandial e menor será o índice glicêmico. Existem vários benefícios na ingestão de uma dieta com baixo índice glicêmico: redução das necessidades de insulina, melhor controle da glicose no sangue, redução do colesterol e triglicérides e manutenção da sensibilidade dos receptores de membrana os quais permitem a normal entrada de glicose para as células da economia o que permite e mantém a eficácia intracelular de protecção contra o stresse oxidativo metabólico. Todos esses factores e particularmente o controle do stresse oxidativo desempenham relevante papel na fisiopatologia das coronariopatias, doença cerebrovasculares, diabetes, doenças degenerativas da idade e muitos tipos de cancro/câncer.
A ingestão de alimentos de elevado índice glicémico com a rápida libertação de açúcar simples e os altos níveis de glicose pós prandial provocam como já vimos o aumento da produção de insulina. O resultado é a hiperinsulinemia a qual com o passar do tempo provoca a característica resistência à insulina devido à diminuição da sensibilidade periférica dos seus receptores. Para nós clínicos “hiperinsulinemia” é o mesmo que “resistência à insulina”.
A sequência bioquímico-fisiológica é: a ingestão de alimentos com elevado índice glicémico provoca aumento da glicose no sangue a qual provoca o aumenta dos níveis de insulina no sangue (hiperinsulinemia) a qual provoca diminuição da sensibilidade dos receptores de membrana à insulina (resistência à insulina) dificultando a entrada da glicose do extracelular para o intracelular fechando o círculo vicioso e provocando aumento da glicose no sangue (Jenkins - 2000).
Factores que reduzem a velocidade de absorção da glicose reduzindo portanto os níveis de insulina no sangue ( Jenkins-2002)
1. alimentos de baixo índice glicémico
2. fibras solúveis
3. aumento da frequência das refeições
4. ingestão de proteínas juntamente com o carboidrato/hidratos de carbono
5. ingestão de gordura juntamente com o carboidrato
6. inibidores da amilase - acarbose
Factores que diminuem o índice glicémico
1. presença de amilopectina / amilose
2. frutose
3. galactose
4. fibras viscosas: guar , beta-glucan
5. arroz integral
6. partículas grandes
7. presença de inibidores da amilase: lectinas , fitatos
8. presença de proteínas e gorduras na refeição
Factores que aumentam o índice glicémico
1. ausência de amilopectina /amilose
2. glicose
3. batata
4. ausência de fibras viscosas: guar , beta-glucan
5. carboidrato em partículas pequenas ou dissolvido em água (refrigerantes)
6. arroz branco completamente desprovido do seu farelo (prefira o arroz integral)
7. ausência de inibidores da amilase: lectinas , fitatos
8. ausência de proteínas e gorduras nas refeições
O Elo Esquecido: Associação entre Hiperinsulinêmica e Estresse Oxidativo
Inúmeros trabalhos da literatura médica apontam para a importância das reacções de oxido-redução na fisiopatologia das doenças degenerativas como a aterosclerose e o cancro/câncer.
A hipótese lógica é: se combatermos o stresse oxidativo com antioxidantes (vitamina E, vitamina C, n-acetil-cisteina, polivitaminicos antioxidantes, etc.) estaremos prevenindo o aparecimento e o agravamento dessas doenças.
Esta hipótese foi amplamente demonstrada em animais de laboratório onde a alimentação e o ambiente são muito bem controlados. Entretanto, o raciocínio simplório e ingénuo de combater o stresse oxidativo simplesmente ingerindo pílulas mágicas, isto é, os muito dispendiosos antioxidantes (vitamina E , vitamina C , n-acetilcisteina, selénio, polivitaminicos antioxidantes, etc.) não provocou mudança sensível da prevalência de cancro/câncer ou aterosclerose em vários estudos epidemiológicos.
O stresse oxidativo deve ser combatido não com pílulas mágicas e sim com mudanças dos hábitos de vida: alimentação inteligente e sensata, actividade física moderada, maneira de encarar os problemas do quotidiano, higiene do sono, livrar-se dos metais tóxicos, abolir o tabaco e o álcool, afastar-se dos campos electromagnéticos prejudiciais e no final e apenas quando os anteriores forem cumpridos o uso de antioxidantes.
Porque o pão de hoje em dia é de tão má qualidade?
A maior parte do pão (convencional), que é hoje vendido, não é biológico e tem como um de seus principais ingredientes o trigo. Este cereal nos últimos 50 anos foi tão adulterado genéticamente que o trigo actual nada tem a ver com o trigo da antiguidade. Neste cereal moderno, são encontradas 14 novas proteínas de glúten, proteínas que nunca se encontrou no trigo da antiguidade, tudo isto devido à ganância da ciência e da indústria para gerar maior quantidade de trigo e ser mais fácil para a panificação. Assim se alterou toda a estrutura bioquímica do trigo. Desse modo se formaram no trigo antinutrientes que quando consumidos por nós, resulta em sobrecarga. O trigo desta espécie encontra-se nas massas, pão, pizza e na pastelaria.
Quem hoje consome frequentemente trigo, arrisca a contrair cancro de rim.
As consequências são estas:
- Aumento da obesidade
- Aumento de problemas digestivos (diarreia, diverticulite, doença celíca, doença de crohn, fezes soltas, gases, obstipação...)
- Aumento galopante de várias doenças associadas ao consumo de pão, afectando o sistema imunitário, o sistema ósseo, sistema digestivo, a musculatura, acne, diabetes, cancro do rim, etc.
- Aumento vertiginoso da intolerância e alergia ao trigo por causa do glúten
- Corrimento nasal, por vezes confundido com constipação/gripe
- Estupidificação devido às alterações intestinais que afectam o cérebro, isto devido aos ingredientes do trigo como os antinutrientes