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O pesticida glifosato cancerígeno é pulverizado em grande escala nas lavouras de soja e algodão da Argentina. Pediatra Ávila Vázquez atribui ao glifosato a incidência multiplicada de câncer/cancro, abortos e malformações congénitas.

Cerca de 12 milhões de argentinos vivem em áreas cercadas por campos de soja, borrifados constantemente com glifosato. Numa determinada província, o uso do pesticida aumentou sete vezes em dez anos, enquanto o número de casos de malformações congénitas quadruplicou, no mesmo período.

"A ligação entre o pesticida e cancro está comprovada em estudos científicos. Moradores de certas áreas rurais têm uma probabilidade três vezes maior de contrair cancro", garante, em entrevista à DW, Medardo Ávila Vázquez, farmacologista e especialista em pediatria de uma clínica de Córdoba, Argentina.

Vázquez também faz parte da rede argentina de Médicos de Pueblos Fumigados, que analisa os efeitos de pesticidas e realiza pesquisas epidemiológicas. Com informações objectivas e independentes, a rede de médicos quer alertar para os impactos das toxinas na agricultura.

"Podemos ver claramente que as pessoas adoecem mais devido ao glifosato. O problema é que a política protege o comércio de soja e o glifosato. Os cidadãos querem alimentos saudáveis. Uma atitude de 'para mim tanto faz' é inaceitável", alerta o médico.

DW: Que experiências o senhor teve com o pesticida glifosato, que é borrifado com frequência especial na Argentina?

Medardo Ávila Vázquez: Podemos ver claramente que as pessoas adoecem mais, devido ao glifosato. Elas adoecem com frequência desproporcional e contraem outras doenças. Elas desenvolvem câncer com frequência, especialmente do pulmão, da mama e do cólon. A ligação [entre o pesticida e câncer] está comprovada em estudos científicos.

Crianças e fetos são mais sensíveis a toxinas ambientais. Que observações o senhor faz nesta área?

Cerca de 12 milhões de argentinos vivem na área de cultivo de soja. Eles vivem em aldeias cercadas por campos de soja, onde se borrifa muito glifosato. Nós as chamamos de "pueblos fumigados". Nesses vilarejos, notamos que a taxa de abortos aumentou bastante. Normalmente ela é de 2% entre humanos e animais, mas nessas aldeias, a taxa gira entre 5 e 6%.

Além disso, lá o número de malformações congénitas aumenta acentuadamente. Na província de Chaco, que é área de cultivo de soja, notamos que o número de malformações quadruplicou entre 1997 e 2008. No mesmo período, o cultivo de soja na província aumentou em sete vezes. Eu trabalho numa clínica para recém-nascidos e vejo que muitas dessas crianças morrem.

Que medidas a política tem tomado?

O problema é que a política protege o comércio de soja e de glifosato. O cultivo de soja gera muito lucro e, portanto, arrecadações de impostos para o Estado. O governo minimiza os problemas de saúde que surgem, querendo que não sejam vistos. Mas os problemas são muito grandes, e assim fica cada vez mais difícil.

Quais são os problemas consequentes?

Este tipo de agricultura cria maiores custos com cuidados médicos, que não são pagos pelo poluidor. Este é o problema. Além disso, vemos que os alimentos são contaminados com glifosato e que os limites permitidos são excedidos. Até mesmo em nosso algodão há bastante glifosato, constatamos a sua presença em curativos, compressas e absorventes. Isso é muito perigoso, porque o glifosato é cancerígeno.

Qual seria a solução para a Argentina e sua agricultura?

Na agricultura, não devemos utilizar produtos cancerígenos. Os alimentos e também o algodão não podem estar comprometidos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) determinou quais substâncias causam cancro e quais devem ser evitadas. Por essa razão, é necessário proibir o uso do glifosato.

 

Qual é a alternativa?

A agricultura não pode ser indiferente em relação aos pesticidas. Nossos filhos, vizinhos e concidadãos comem esses alimentos. Eles devem ser saudáveis e não estar contaminados com veneno. Uma atitude de "para mim tanto faz" é inaceitável.

É possível trabalhar com produtos menos tóxicos. Actualmente, porém, cada vez mais veneno é utilizado. Uma exploração agrícola com menos veneno é possível, mas requer mais trabalho, cuidado e atenção.

Resumindo:

O pesticida glifosato é cancerígeno. Brasil e Portugal são também dos países que mais fazem uso deste pesticida perigoso na agricultura e nos meios urbanos. É utilizado na agricultura geral, nos campos de transgénicos como o milho, soja, algodão...! O algodão é infelizmente na actualidade um dos produtos que mais contém este pesticida, glifosato entre outros, daí o cuidado a ter em relação às roupas que vestimos (as de microfibras também não são solução). Glifosato também é utilizado nas cidades, em cima dos passeios, caminhos, vias férreas, jardins...! É um perigo, caso exista algum tipo de ruptura ou fissura nos canos de água potável, o glifosato infiltra-se nesses canos de água. Também é perigoso para os animais domésticos que passeiam nesses caminhos pedestres e para as crianças que brincam na rua.

A única alternativa é passar a usar somente produtos 100% biológicos e ecológicos. Uma sociedade séria e divina deve proteger os direitos humanos e o planeta e não apenas os interesses do capital.

 

Fontes:

DW

Que o teu alimento seja o teu único medicamento! Hipócrates - Pai da Medicina

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2 comentários

De Joana Montes a 19.04.2016 às 11:35

Ora aqui está um tema pertinente que diz respeito a todos nós. A agricultura intensiva faz uso deste herbicida mortífero que é o glifosato? Então boicotemos toda a agricultura que usa pesticidas. As câmaras municipais usam este glifosato? Escrevemos a elas e dizemos que boicotamos todo o tipo de impostos para as câmaras.
Que eu saiba só a câmara do Porto proibiu a utilização do glifosato ou Rondup.

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