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Os comportamentos suicidários entre os adolescentes estão a aumentar em Portugal. Todos os anos, mais de 2000 jovens atentam contra a vida, mesmo quando a morte não é o objectivo. 

Só às urgências dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) chegam diariamente dois ou três novos casos. Mas há muitos outros, que nunca entram para as estatísticas: são silenciados em casa.

"Trata-se de jovens com comportamentos repetidos que a família já nem valoriza. Por isso, em vez de irem para as urgências, ficam em casa a dormir um ou dois dias", explicou à Agência Lusa Carlos Braz Saraiva, psiquiatra responsável pela Consulta de Prevenção do Suicídio nos HUC.

 

As estimativas nacionais apontam para 200 casos por cada cem mil jovens, "mas se analisarmos apenas as raparigas o número sobe para 600 por cem mil habitantes", alerta o especialista.

A maioria chega aos hospitais com sobre-dosagens de drogas farmacêuticas, mas também há muitos casos de auto-mutilações. "Um em cada cinco jovens que entra nas urgências por sobre-dosagem também são cortadores", avança o especialista de Coimbra, explicando que se trata de um "método para trocar a dor de alma pela dor do corpo".

  A taxa de suicídios em Portugal está dentro da média europeiaFoto: publico.pt

 

Braz Saraiva diz que "cerca de 25 por cento dos jovens têm tendência a ter comportamentos recorrentes, porque têm uma estratégia desadequada para lidar com o desespero".

 

Os óbitos por lesões auto-provocadas intencionalmente (suicídios) ultrapassaram as mortes na estrada.

Porém, há falhas nos registos destes números.

Em 2008 registaram-se 1035 suicídios em Portugal, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE). No mesmo ano, o Ministério da Administração Interna refere que terão ocorrido 776 mortes na estrada, na sequência de acidentes de viação. O suicídio consolida-se, desta forma, como a principal causa de morte não-natural. O fenómeno verifica-se desde há poucos anos e justifica-se com o aumento do número de óbitos por lesões auto-provocadas intencionalmente, mas, sobretudo, com uma diminuição nos números oficiais das vítimas mortais em acidentes de viação. No entanto, os especialistas alertam que podem existir falhas importantes no registo destes números.

Estes são os números crus. Mas os vários especialistas contactados pelo PÚBLICO referem que, dificilmente, estes serão os números reais. Segundo argumentam os profissionais de saúde mental, faltará contabilizar alguns dos registos efectuados pelo INE ao abrigo da "mortalidade por sintomas, sinais, achados anormais e causas mal definidas". É que, explicam, algumas das mortes de causa indeterminada poderão ser atribuídas a suicídio. Segundo o INE, mais uma vez, a taxa deste tipo de mortalidade sem uma causa definida em 2008 ascende aos 64,5 por cem mil habitantes, enquanto, no mesmo exercício estatístico, os suicídios se ficam pelos 7,9 por 100 mil habitantes.

 

 Taxas de suicídio por 100.000 habitantes - PORTUGAL

AnoGlobalMasculinoFeminino
199658.42.3
19974.98.32.1
19984.27.11.8
19995.38.12.6
20005.18.32
20017.311.73.3
200211.718.94.9
200310.516.64.8
200411.5185.5
20058.813.84.1
20068.413.63.6
20079.614.54.9
20089.815.44.5
20099.615.64
201010.416.44.8
20119.615.54.1

 

Taxa de mortalidade por suicídio aumentou em 2014 e no período de crise económica

O número de suicídios em Portugal aumentou em 2014, segundo o relatório da Direcção-Geral da Saúde sobre doença mental, hoje apresentado 2016/03/24, o que vem confirmar que o período de crise económica registou a mais elevada mortalidade por suicídio.

A taxa de mortalidade por suicídio passou para 11,7 por 100 mil habitantes, em 2014, quando em 2012 e 2013 tinha sido de 10,1, por 100 mil habitantes.

Taxa de mortalidade por suicídio aumentou em 2014 e no período de crise económica 24 de Março de 2016. O número de suicídios em Portugal aumentou em 2014, segundo o relatório da Direcção-Geral da Saúde sobre doença mental, hoje apresentado, o que vem confirmar que o período de crise económica registou a mais elevada mortalidade por suicídio. 

Há também uma distribuição geográfica marcada no suicídio, que é tradicionalmente menor no Norte e maior na região Sul.

Nas últimas décadas, contudo, esta divisão geográfica Norte/Sul parece ter vindo a esbater-se, «devido ao aumento das taxas na região Centro e no interior da região Norte», citou a “Lusa”.

 

 

 Foto: missiodeisim.blogspot.cv

 

A 5 de Julho de 2017, lia-se a seguinte notícia:
O director-geral da Saúde, Francisco George, e o presidente do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), Fernando Almeida, afirmam numa "declaração pública sobre fim da actividade epidémica do sarampo em Portugal", que a epidemia está controlada."

É bom recordar que houve cerca de 50 casos de sarampo registados entre vacinados e não-vacinados, até mesmo entre os profissionais de saúde. Houve a morte de uma adolescente de 17 anos, alegadamente devido ao sarampo. (Correcção, a adolescente frequentava o hospital onde recebia um imuno-supressor, devido à psoríase, o que veio a revelar-se fatal para ela). A adolescente não estava vacinada precisamente por ter sofrido um choque anafilático ao ter tomado uma vacina, e da próxima vez que fosse vacinada teria muito provavelmente falecido. Seja como for, esta adolescente ficou com sequelas após a vacinação, por isso ela frequentava os hospitais.

Portanto, segundo a DGS e seu Francisco George são da opinião que o que se passou em Portugal foi "uma epidemia de sarampo".

E os 1000 mortos por ano nas estradas portuguesas será então o quê, para a DGS? Uma epidemia dantesca?

E que dizer da enorme taxa de suicídios em Portugal? Um cenário apocalíptico? Quantos se suicidam ao certo em Portugal? Serão 10.000? 15.000? Mais?

Quantos adolescentes ao certo tentam em Portugal suicidar-se? Ninguém ao certo sabe, até por o tema ser tratado quase como tabu. 

Segundo um médico (psiquiatra) português que se debruça sobre o assunto há quase 25 anos, - ele enviou-me estes dados oficiais e preferiu ficar anónimo - a situação real é bem pior do que os dados oficiais. Segundo ele, cerca de metade dos adolescentes e jovens portugueses, têm pelo menos uma vez pensamentos suicidas na vida ! Vivem em famílias em que quase metade delas são famílias disfuncionais. Pelo menos 30% dos portugueses sofrem de perturbações mentais.

O psiquiatra disse-me ainda que tem dias que se atiram 3 pessoas da ponte 25 de Abril, isto num só dia. E também me disse que os dados reais dos suicidários superam os números dos brasileiros !

Em 2012 suicidaram-se 11.821 brasileiros. Só que no Brasil vivem mais de 200 milhões de pessoas. Em Portugal serão na melhor das hipóteses, após a enorme vaga de emigração dos últimos anos, 8 milhões de portugueses.

Sem dúvida alguma que um dos factores de peso que contribui para a enorme taxa real de suicídio em Portugal, a pobreza.

Fica bem estampada a hipocrisia, a manipulação e o histerismo em torno da saúde pela DGS. Se os recursos que são empregues no PNV - Plano de Vacinação, uma parte fosse canalizada para a prevenção de suicídios, certamente haveria uma redução deste flagelo apocalíptico tenebroso na realidade portuguesa.

Moçambique tinha a maior taxa de suicídio de África em 2012, com 27,4 por 100.000 habitantes !

Já Angola, tinha uma taxa em 2012 de 13,2 por 100.000 habitantes.

Cabo-Verde, 4,8 casos por 100.000 habitantes, isto em 2012.

São Tomé e Príncipe, andava em torno de 0,9 por 100.000, isto em 1987.

A taxa de suicídios tem aumentado em quase todos os países latinos, segundo dados disponíveis.

Como a DGS, a OM e o SNS pretendem combater em Portugal a "mãe de todas as epidemias", o suicídio?  

 

Obs.:

O suicídio já mata mais jovens do que a chamada doença HIV.

A MTC-Acupunctura, Homeopatia, Naturopatia e outras medicinas alternativas podem ajudar as pessoas com pensamentos suicidários.

 

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Fontes:

DN (parte)

LUSA

netfarma (parte)

OMS

sapo.cv

Sociedade Portuguesa de Suicidologia

Que o teu alimento seja o teu único medicamento! Hipócrates - Pai da Medicina

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23 comentários

De Helena Dornello a 12.07.2017 às 06:56

Parabéns pelo artigo.
Nunca tinha lido nado do género e tão bem comparado, entre a temática do suicídio e o sarampo.
É bem verdade que os portugueses foram muito manipulados quanto ao sarampo em Portugal.
Agora só resta saber o que a DGS e a ordem dos médicos pretendem fazer quanto à enorme vaga de suicídios que grassa em Portugal.
Só eu já perdi o ano passado dois amigos que se suicidaram. Que se saiba não há nenhum tipo de ajuda da DGS e da ordem dos médicos.

De Maria Saraiva a 12.07.2017 às 07:09

Jamais pensei que houvessem tantos suicídios em Portugal, nada se lê nos jornais e nada passa sobre isso na TV.

É horrível essa triste realidade de haver tanta gente a suicidar-se em Portugal.

De José Marques a 12.07.2017 às 07:50

Eu já vi dois carros parados na ponte 25 Abril nos dois sentidos e tinham as portas abertas e não vi ninguém junto dos carros. Portanto deve ter sido suicídio.

De António Ribeiro a 12.07.2017 às 10:15

Que se pode esperar de um país empobrecido, com alto desemprego, população envelhecida, corrupção das mais altas do mundo, povo triste, melancólico e depressivo qb?
Depois para ajudar a festa temos uns palhaços tipo George da DGS que só se preocupa com inutilidades como o sarampo em que morreu apenas uma pessoa doente.
O blogueiro tem toda a razão, morrem milhares de pessoas em Portugal que se suicidam mas a comunicação social não dá nenhuma importância e a DGS, a ordem dos médicos e o SNS nada fazem para contrariar a situação.
Muito tem de mudar no país senão os números vão ser cada vez mais assustadores.

De Joana de Almeida a 12.07.2017 às 11:06

É caso para se dizer por onde passam os portugueses logo de seguida aprece a saudade, a melancolia, a tristeza, a depressão e o suicídio.

De Sofia Campos a 12.07.2017 às 13:07

Portugal tem dinheiro para salvar bancos falidos mas não tem um tostão furado para salvar pessoas desesperadas?
Que merda de país esse chamado Portugal?
Que merda de SNS é esse que deixa morrer tanto suicida?
Que merda de DGS é essa que não consegue falar de outra coisa senão de sarampo?
Que raio de governo PS é esse que não manda o diretor senil da DGS dar uma volta ao bilhar e o substitui por alguém competente?
Que raio de ordem dos médicos que só fala do que não tem competências e nada diz sobre a epidemia suicidária em que Portugal está mergulhado?

De Maria Conceição Tavares a 12.07.2017 às 13:25

Obrigada pelo excelente artigo e pela comparação, sem dúvida alguma que foi dos melhores artigos que já li até hoje.

A minha irmã tem uma filha adolescente que já tentou o suicídio por três vezes.

O médico do HUC em Coimbra disse à minha irmã que os suicidas e os que se tentam suicidar no país podem ser tantos como a população de Coimbra.

Eu ia caindo para trás pois jamais pensei que a calamidade de suicídios fosse tamanha e até me assustei.

De Anónimo a 22.03.2018 às 16:06

Todos os dias, milhares de pessoas atravessam o rio Tejo na Ponte 25 de Abril, que liga Lisboa a Almada. Por vezes, há quem decida que em vez de ligação entre margens, a ponte será a ligação entre estados — entre o estar vivo e o estar morto. Esta é a história do Rodrigo.
É acordar e abrir os olhos. Enxergar o mundo e segurar com as pernas a força de pôr de pé o que somos. Deixar a água cálida lavar o sono; deixar o turco áspero secar a noite. Viver parece simples se reduzido à rotina matinal. Mas se simples fosse a vida, se nada contra ela ocorresse, não estava este texto a ser escrito.

O dia abre. Está calor. A temperatura bate nos 30 ºC, não há vento em Setúbal. É sábado. Na cama, amortalhado nos cobertores, está Rodrigo. Tem 24 anos e a vida nas mãos. Quando pega na agulha, marca de modo indelével a pele dos outros. Não é artista nato, mas artista feito, artista de trabalho, dedicação. Esforço.

Esforço. Força, aquilo que naquele momento lhe falta. Está deitado na cama, afogado no edredão. Acordou maldisposto. Já ontem esteve a vomitar. De manhã a náusea persiste.

Persistência. É quase uma obsessão. A higiene, a limpeza. A saúde. Rodrigo sempre foi muito organizado. Metódico e arrumado. Quando era criança, ninguém lhe entrava no quarto. Nem a empregada. Se ela lá fosse e mexesse sequer na ponta de um atacador, ele notava logo. A perspicácia era-lhe inata.

Se tabelas houvesse que definissem o que é ser normal, Rodrigo dificilmente encaixaria nelas. Era um miúdo muito certinho. E com uma fixação pela higiene. Era ele quem limpava o quarto, com desinfetantes. Quando chegava a casa, fosse a que horas fosse, lavava a sola das sapatilhas, antes de entrar no quarto. Pousava-as junto da cama, com os atacadores enlaçados. Tinha sempre cuidado com tudo.

Incluindo com a alimentação. No preâmbulo da adolescência, estava mais gordinho do que queria estar e, por iniciativa própria, sem ordens de ninguém, decidiu fazer uma dieta. Tudo o que comia era saudável e preparado por ele.

Ele sabia de si. Sabe de si. Ligeiramente hipocondríaco, sempre que sente que algo está desequilibrado, acorre ao hospital. Faz exames, exames, exames, exames.

Carolina é pouco mais nova que Rodrigo. Ambos têm um filho, de três anos. Ela está de saída. Vai almoçar a casa da mãe. Rodrigo não pode ficar aqui assim. Desde que soube que ia ser pai, que as coisas se desequilibraram.

Estava em Inglaterra, num congresso dedicado à arte da tatuagem, quando recebeu a notícia: ia ser pai. Pai. Ia ter um filho. Um rapaz. Veio-lhe uma ansiedade. Um pânico. Um ataque que de tal modo o afetou, que foi para o hospital.

Desde aí, os ataques sempre sucediam. Era acompanhado por uma psicóloga e por uma psiquiatra. Estava medicado.

Quando foi pela primeira vez à psicóloga, mostrou que não tinha segredos. A clínica aconselhou-o a entrar sozinho, mas Rodrigo não tem nada a esconder. “O que tiver de falar, falo à frente da minha mãe”.

De Anónimo a 22.03.2018 às 16:07

A mãe que sabia de tudo. E compreendia tudo. Sabia o que ele fazia à noite, sabia que ele era um rapaz normal, como os outros rapazes da idade. Bebia, fumava, fumava marijuana — que apesar de não ser um comportamento normal, não deixa de ser comum. Não tinha segredos. E a relação com os pais permitia-lhe essa confiança.

“Sabes, pai, dá-me a sensação de que já fiz tudo.” Era uma conversa banal. Rodrigo falava com o pai, em casa, umas semanas antes deste sábado quente. “Já não tenho mais nada para fazer”, diz o jovem. A mãe, que o ouviu, responde: “Estás parvo? Então, eu, com a idade que tenho, e o teu pai, com a idade que tem, todos os dias aprendemos; seja aquilo que for, cada dia que passa, estamos sempre a aprender”.

“Não, mãe, não me estás a entender”, responde. “Parece que já fiz tudo, não tenho objetivos, já aprendi o que tinha de aprender, já fiz o que tinha de fazer”.

O pai, porém, entendeu-o. “Tu vê lá”, disse-lhe. “Não te esqueças de que tens um menino com três anos, tu vê lá…”. “Achas!? Estás parvo, alguma vez…”, atira o jovem.

Esta manhã, porém, algo descompassou. Poderá ser por causa da alteração nos medicamentos. Poderá ser do calor. Poderá ser disto, ser daquilo. Poderá ser; poderá não ser. A partir desta manhã, todas as perguntas nascem. Se foi disto ou daquilo. Se foi por causa disto ou daquilo.

Nós, que hoje olhamos para esse dia 14 de julho de 2015, não sabemos do que foi. Sabemos indícios, pequenas pistas que apontam caminhos. Mas não temos como ter certezas. Tampouco será esse o objetivo deste texto.

“Elsa, ligue para o seu filho, ele não está bem. Ontem vomitou à noite. Voltou a vomitar hoje de manhã. Está ali enrolado no edredão”.

Carolina telefona para a mãe de Rodrigo e conta-lhe o que se passa. A sogra, Elsa, diz-lhe que está a chegar ao café de que é proprietária, em Setúbal, e que já fala com o filho.

A relação entre Carolina e Elsa não é fácil. Ela quer que o companheiro se autonomize, que crie um estúdio próprio, que deixe talvez de ser tão agarrado à família. Elsa, por seu lado, acusa-a de estar a tentar afastar Rodrigo da família. De o pressionar. De o fazer ser outro.

Entre os dois jovens também há problemas ocasionais. Uns dois meses antes deste sábado, Rodrigo separou-se da companheira. Estiveram separados um par de semanas, em maio.

Rodrigo foi com os pais para a Comporta, passar uns dias. Uma noite chegou lá, enfiou-se a escrever. Uma pequena carta, numa folha de papel, escrita a tinta negra e dobrada. Posta numa das gavetas da cómoda do quarto da mãe.

Por essa altura, já Rodrigo retornara aos sonhos. Mantinha as ansiedades, as angústias, mas os sonhos que não tinha, os objetivos que não via, regressados se exibiam. Objetivos para a carreira, para a família, para a relação com Carolina, na altura tremida. Dias depois, o jovem regressou a casa. À família que estava a construir com Carolina. Voltou para ela, para o filho.

Agora são 10:48. Rodrigo atende o telemóvel:

— Então, Rodrigo, o que se passa contigo?
— Não sei, mãe. Estou assim, muito mole.
— Queres que eu fale com a psiquiatra? Como ela te alterou a medicação, até pode ter de haver nova alteração.
— Liga lá a ver o que ela diz.
— Mas olha, não vais ficar em casa. Despacha-te, está muito calor. Vens até aqui acima ter comigo enquanto eu ligo para a senhora. Bebes um chá e comes uma torrada. Se vomitares… Bom, alguma coisa há de ficar e ao menos estás ali comigo.
— Está bem, então eu vou aí ter contigo.

Rodrigo demora-se. Sempre se demorou. Não é hoje que isso há de ser estranho. Elsa, prossegue, por isso, com a vida. Tem um café, na alta de Setúbal, e é lá que espera pelo filho. Foi nesse café que Rodrigo cresceu. Elsa abriu-o tinha o filho mais novo cerca de dois anos.

Já passa das onze. Chega Jorge, o filho mais velho de Elsa. Com ele vem a mulher e a filha pequena. Passam pelo café antes de irem para o estúdio, na baixa da cidade. Elsa diz que Rodrigo está a chegar. Passou mal a noite, mas está a chegar.

De Anónimo a 22.03.2018 às 16:10

A isso junta-se uma necessidade de tratar a depressão, que é uma doença e não um estado de espírito. Os especialistas apontam para muitos casos de depressão mal tratada que, por certo, contribuem para o suicídio.

A primeira coisa que vem é o choque. Elsa não acreditou que o filho se tinha atirado. Naquela ponte era impossível. Ele nunca a atravessava; tinha medo de o fazer. Sempre que iam a Lisboa tinha de ser outra pessoa a conduzir. Na ponte não; na ponte era impossível.

Quando estava a caminho da esquadra da PSP, na praça das portagens, desenhava na cabeça outros cenários, Acreditava que ele tinha tido um acidente. Que estaria no hospital. Que ferimentos teria? Precisaria de um órgão? Seria ela compatível para lho poder doar?

Até lá chegar, a hipótese parecia impossível. Depois, desabou. Sobranceiro, o Cristo Rei ergue-se. Os braços abertos velam o rio e a cidade, na outra margem. Daquele lado, Elsa cravava na mente cada instante. O instante em que lhe deram os pertences do filho; o momento em que lhe entregaram o carro.

Ainda hoje guarda a roupa com que Rodrigo morreu. É dos poucos pertences com que ficou. Carolina diz ter fotografias, vídeos. Mas nunca os passou para a mãe do ex-companheiro.

Numa caixa, Elsa vai guardando os indícios do filho que encontra. Por vezes, quando a abre, a roupa ainda lhe cheira ao sangue com que ficou manchada. Lava-a. Repete.

Como foi possível alguém que tinha medo daquela ponte escolhê-la para acabar com a vida? Poderá ser que, naquela altura, já os pensamentos de suicídio lhe passassem pela cabeça.

A semente provavelmente já lá estava. É isso que explicam os especialistas a quem apresentámos esta história.

Depois do suicídio de Rodrigo, todos procuraram explicações. Carolina disse a Elsa que Rodrigo não estava a tomar a medicação. Todavia, a autópsia mostrou o contrário. O jovem estava a tomar um medicamento específico para o tratamento da depressão e o sangue mostrava a presença da substância em “doses terapêuticas”.

Elsa fez e refez o caminho da casa de Rodrigo, na baixa de Setúbal, à ponte 25 de Abril, que liga Almada a Lisboa. A distância fá-la pensar em como o jovem não foi capaz de desistir. De seguir para ao pé dela, como prometera a Carolina, Jorge e a ela própria.

Acredita que algo se terá passado, entre a última chamada de que há registo, às 11:45, e a hora em que o jovem atravessou as portagens, na entrada da ponte, às 12:12.

Carolina diz que Rodrigo lhe ligou por volta dessa hora. Que ouviu vento, somente isso. Percebeu que algo estava errado.

Os registos telefónicos porém, mostram que nenhuma chamada foi feita a partir do telemóvel de Rodrigo nesse dia. Registadas estão apenas as duas chamadas de Elsa, às 10:48 e às 11:24; e a chamada de Carolina, ao meio-dia menos um quarto.

Todavia, na psicologia do suicida, a engrenagem poderia estar de outra forma. As últimas chamadas que recebeu — da mãe por quem tinha uma amor imenso; do irmão, que via como modelo, como amigo, pai e tudo; e da companheira, mãe do filho — podiam ter nele já a força de um adeus.

Isso explica a viagem — de Setúbal a Lisboa — sem desistência. Sem olhar para trás. Sem ver o céu azul, o calor a bater. O sol a brilhar, a faiscar nos frisos dos carros que passam. O vento suave, a música no rádio. Nada disso, nada dessa beleza quotidiana se manifestou. Porque a decisão já estava tomada. Ponderada. Aceite.

Quando isso acontece, um véu de cegueira cobre a cara do morto anunciado. Como uma droga, uma embriaguez que omite a verdade. Que omite o mundo real, aquele que passa ao lado do universo que nasceu na mente do suicida.

De João de Avis a 12.07.2017 às 08:01

Como sempre os dados e estatísticas oficiais são embelezados, falsificados para escamotear a triste realidade portuguesa.
Pode ser que me engane mas em Portugal um familiar que é psiquiatra falou-me que havia uns 20.000 suicidas no nosso país.

De Suicídios em Portugal a 12.07.2017 às 11:26

40% dos portugueses são depressivos ou tristes e se desses forem 10% de potenciais suicidas então temos 400.000 candidatos ao suicídio.

De Cristina Almeida a 12.07.2017 às 11:47

Não fazia ideia sequer que houvesse tanto suicida em Portugal!!!!!!!!!
A comunicação social nunca fala que eu tenha ouvido sobre os suicídios no país. porque será que nunca falm disso? tabu com certeza mas falam a toda a hora no sarampo, na vacinação e bla bla bla bla.

De Tiago Almeida a 12.07.2017 às 13:51

Na TV e nos jornais só se fala em vacinação, vacinação, vacinação, vacina, vacina, vacina e mais sarampo, sarampo que até mais parece um disco riscado.

Sobre suicídio no país? Nada de nada. E eu a pensar que fossem pra aí uns cem por ano. Vai lá vai.

De Anónimo a 22.03.2018 às 16:09


“Liga aí ao mano”, diz Jorge para a mãe. São 11:24. Jorge fala com o irmão num canto do café. Fala baixinho. É impercetível o que vai dizendo. Ouve-se, porém, o epílogo: "Então vá, o mano fica aqui à tua espera, não vais ficar fechado em casa. Vem aqui ter e depois vais para o estúdio com a gente, mesmo que não trabalhes, ao menos estás ali connosco”, diz Jorge, antes do fim da chamada.

Rodrigo e Jorge são inseparáveis. Para Rodrigo, o irmão mais velho é tudo. É amigo, é pai. É um exemplo. Sete anos mais velho, Jorge sempre foi um artista. Rodrigo seguiu-lhe as pisadas. Hoje é quase tão bom como o irmão. Os amigos são os mesmos, o estúdio também.

Enquanto esperam, Jorge recebe uma chamada. Telefonam-lhe do estúdio. Tem lá um cliente à espera. Entre esperar e fazer esperar, Jorge parte para a baixa. Depois Rodrigo vai lá ter.

Estamos perto do meio-dia. O telefone de Rodrigo toca. É Carolina, a ver como está. Falaram, riram. O jovem diz-lhe que está a sair de casa. Vai ter com a mãe.

Todavia, a caminho da mãe, Rodrigo muda o destino. Muda de estrada, de trajeto. Escolhe outra via. A certa ou a errada, só ele o sabe. São 12:12. Rodrigo está a pagar a portagem na Ponte 25 de Abril. A cancela levanta-se, o carro avança.

Tinha 24 anos.

Os olhos que não viram e as respostas que não vêm

As causas que levam alguém a pôr termo à vida são geralmente atribuídas a perturbações mentais tratáveis, como a depressão. Elsa, contudo, queria uma resposta mais concreta. Hoje, passados quase três anos desde a morte do filho, já deixou de procurar culpados. Antes, julga que todos os que estavam à volta de Rodrigo tiveram a sua parte da culpa — por não terem visto.

Elsa não mudava nada no passado. Se pudesse, tinha trabalhado menos para estar mais tempo com os filhos. Tinha ido à cómoda, tinha lido a carta, escrita um par de meses antes de tudo e arrumada, como um grito mudo, numa gaveta na Comporta.

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Rodrigo não deixou instruções. Elsa não encontra premonições. Olhando para trás, liga alguns indícios a algumas evidências. Mas parecem faltar sempre peças.

Todavia, a maior parte das pessoas que decide pôr termo à vida deixa avisos. Premonições. E Rodrigo fê-lo. As conversas com o pai, a ideia de que não havia mais nada para fazer. E a perceção que o pai teve de que o filho podia estar a ponderar o suicídio são alertas, alertas que nunca devem ser menorizados pela comunidade.

De joão macedo a 12.07.2017 às 08:38

nosso vizinho perdeu a casa para o estado e suicidou-se. belo e rico estado que temos em vez de nos proteger esfola-nos.

De Suicídios em Portugal a 12.07.2017 às 11:11

Cerca de 300 crianças e adolescentes deram entrada em 2014 nas urgências de pedopsiquiatria no Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, na sequência de comportamentos autoagressivos, como automutilações e tentativas de suicídio.

Estes dados, que se referem ao período entre 2012 e 2014, foram revelados, esta quinta-feira, no âmbito da apresentação do relatório “Portugal – Saúde Mental em Números 2015”.

Estes dados recordam que no Serviço Nacional de Saúde só existem camas específicas para crianças e adolescentes nos Departamentos de Saúde Mental da Infância e Adolescência do Centro Hospitalar Lisboa Central/Hospital Dona Estefânia e no Centro Hospitalar do Porto.

http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/saude/automutilacoes-e-tentativa-de-suicidio-levam-300-jovens-nas-urgencias

São milhares por mês em Portugal de suicidas, jovens que pensam em suicidarem-se jovens que tentam o suicídio.
Rico futuro em Portugal.

De Suicídios em Portugal a 12.07.2017 às 11:34

OMS: Suicídio já mata mais jovens que o HIV em todo o mundo

E o Francisco George da DGS prefere falar em coisas sem nexo com a história mal contada sobre o sarampo.

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150922_suicidio_jovens_fd

De Suicídios em Portugal a 12.07.2017 às 11:15


Em Portugal são dois mil por ano.






Lusa

Lusa




Portugal é o terceiro país da Europa onde o suicídio mais cresceu nos últimos 15 anos, estimando-se que morram mais de cinco pessoas por dia, revela um relatório europeu que é hoje apresentado.

Os dados constam do projeto OSPI-Europe, uma estratégia de prevenção do suicídio preconizada pela Aliança Europeia Contra a Depressão (EAAD), organizada em quatro níveis de intervenção.

Segundo o mesmo documento, estima-se que cerca de 20 milhões de europeus sofrem de depressão e mais de 60 mil morrem anualmente por suicídio.

Em Portugal, as doenças mentais comuns afetam quase 23 por cento dos portugueses adultos (mais de dois milhões por ano) e a depressão afeta 7,9 por cento dos adultos (400 mil pessoas).

Depois a DGS e o SNS só falam em sarampos e não vêm um boi à frente dos olhos.
http://expresso.sapo.pt/sociedade/mais-de-cinco-portugueses-suicidam-se-todos-os-dias=f793449

De Suicídio em Portugal a 12.07.2017 às 11:18

Crise fez disparar número de crianças e adolescentes com depressão e ansiedade


O director do Programa Nacional para a Saúde Mental afirmou hoje que houve "um acréscimo muito significativo" de crianças e adolescentes de famílias em situação de crise a recorrer às urgências com situações de depressão, ansiedade e tentativas de suicídio.

https://sol.sapo.pt/artigo/127127/crise-fez-disparar-n-mero-de-criancas-e-adolescentes-com-depressao-e-ansiedade

De Suicídios em Portugal a 12.07.2017 às 11:22

Existem várias linhas de atendimento para candidatos ao suicídio mas parece que essas linhasainda não são muito eficazes.

Por onde anda a DGS, o SNS e a ordem dos médicos da treta?

http://www.spsuicidologia.pt/sobre-o-suicidio/telefones-uteis

De Luís Teixeira Neves a 12.07.2017 às 13:20

Ela, a jovem que faleceu com sarampo, tinha psoríase, por isso ia regularmente ao hospital, e tratava-se com um imuno-supressor, por isso também foi internada com mononucleose que é uma doença que normalmente se trata em casa. Às pessoas que tomam imuno-supressores por vezes acontece o que aconteceu a esta jovem. Não foi por não estar vacinada que morreu.
Mesmo dentro da alopatia há alternativas mais eficazes, com menos efeitos secundários e mais baratas do que os imuno-supressores. Qualquer uma dela evitaria o desfecho ocorrido. Simplesmente acontece que o complexo médico farmacêutico não as reconhece. Refiro-me à auto-hemoterapia, às baixas doses de Naltrexona (LDN) e às altas doses de vitamina D3 (Protocolo Coimbra).

De Medicinas Alternativas a 12.07.2017 às 13:46

Olá caro Luís Teixeira Neves,

tem toda a razão, a adolescente que veio a falecer, o imuno-supressor veio a revelar-se fatal para ela. Ela frequentava periodicamente o hospital que a podia ter ajudado se tivesse sugerido terapias alternativas, as quais existem e sem os indesejados efeitos adversos.
Enfim, neste momento nada se pode alterar quanto ao desfecho, a não ser retirarmos daqui ilações e desejar à adolescente que descanse em paz (DEP).
A DGS continua com a propaganda da "epidemia" de sarampo...

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Partida de uma anjinha

Com saudade lembrando que ela fazia parte de EQUIPA. Paz a sua alma e espirito.